sábado, 14 de maio de 2011

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Consumismo programado, decrescimento econômico e arte


Mas a única possibilidade de conservar ou restituir ao indivíduo uma certa liberdade de escolha e de decisão(…) é colocá-lo em condições de não consumir as coisas que gostariam de fazê-lo consumir ou de consumi-las de maneira diferente das que gostariam que consumisse, de consumi-las fora daquele tipo de consumo imediato, indiscriminado e total que é prescrito, como sistema de poder, pela sociedade de consumo. Giulo Carlo Argan (Historiador de Arte)

Hoje, pode-se afirmar que a ciência e a tecnologia avançaram através de conhecimentos empíricos, ou seja, reafirmando antigos conhecimentos, somando aos atuais, descobrindo coisas novas. Economicamente falando, vemos cada vez mais uma espécie de “obsolência programada” dos produtos, fato relevante nas discussões sobre o futuro do planeta e da humanidade. Afirmam alguns teóricos que só através de um “decrescimento”, da diminuição de produção e comércio de “coisas” é possível falar em progresso. Por outro lado, na arte podemos afirmar que ainda é possível falar de uma estética do aproveitamento e valorização das “coisas”/equipamentos. Devido a grande liberdade de escolha de ferramentas de produção, hoje o artista pode optar por uma câmera digital de alta resolução, uma filmadora de celular ou eleger a velha câmera analógica de filme para desenvolver sua poética.
Com a popularização dos meios de produção (câmeras, projetores, fitas, DVDs, CDs, mini-disks, pendrives, etc.) e alternativas de exibição (internet) o número de imagens produzidas atualmente é incalculável. O artista é desafiado a produzir dentro desse mundo super saturado de imagens. Desde a fotografia, passando pelo cinema e chegando a videoarte, artistas se debruçam sobre as questões técnicas e poéticas dessas linguagens. Nas vanguardas clássicas dos anos 20, o mundo moderno e seus avanços foram assunto up to date para a arte. Na verdade, arte e tecnologia sempre estiveram juntos, desde os gregos, que realmente não separavam essas atividades. Para o artista interessado nessas linguagens do mundo contemporâneo, é essencial a reflexão sobre este diálogo aberto.

Tecnomanias: usos digitais para equipamentos analógicos



O homem transforma os recursos em rejeitos mais rapidamente do que a natureza consegue transformar esses rejeitos em novos recursos. Serge Latouche (Professor  de Ciências Econômicas na Universidade de Paris-Sul)

A tecnologia, a utilização de meios naturais a fim de criar ferramentas que auxiliem a vida, avançou gradualmente nos primeiros momentos da humanidade. Desde a primeira pedra lascada, passando pela descoberta do fogo, até a construção da roda, correram aí alguns milhares de anos. É nas civilizações primitivas, como os sumérios e babilônicos, que a tecnologia se aproxima de uma proto-ciência. Unindo esse incipiente conhecimento à práxis, buscou-se construir coisas úteis, como um calendário que apontasse os ciclos de plantio e colheita e primeiros códigos numéricos que se tem notícia. Nos séculos seguintes, em todo o mundo, diferentes povos desenvolvem aparatos tecnológicos advindos do conhecimento empírico.

É com o maquinário industrial que o papel do cientista/inventor ganha estatus e é alvo de disputa. Sabe-se o quão caro é para o nascente sistema capitalista conceitos como novidade, originalidade, eficiência e, principalmente, quantidade. A partir do século XIX é possível vislumbrar esse boom cientifico através, por exemplo, das inúmeras revistas científicas e associações de inventores.  O escritor L.F. Celine, no livro Morte a Crédito(1936) expõe poeticamente essa realidade na Europa. O desenvolvimento tecnológico tornava-se a chave para boa parte dos acontecimentos políticos e econômicos vindouros.

A eletricidade, um dos frutos da descoberta do elétron, vem estruturar um mundo avant capital. Representar, armazenar, transmitir ou processar informações são possibilidades multiplicadas através da microeletrônica. E é  esse conhecimento que propulsiona o desenvolvimento do sistema digital, somado aquele antigo conhecimento mesopotâmico: a matemática. Grossíssimo modo, com a combinação de digítos binários e um alto nível de abstração a era digital surge como o mais surpreendente e veloz avanço tecnológico que a civilização conheceu. Em menos de um século essa tecnologia expandiu e popularizou o que antes uma pequena parte da humanidade desfrutava. Vivemos num momento de abundância tecnológica, onde muitos têm acesso a equipamentos de alta complexidade, mas com baixíssima apropriação intelectual.
Provavelmente, um dos motivos do pouco aproveitamento desses equipamentos seja a rapidez com que eles se tornam obsoletos. Muitas vezes por motivos econômicos, mas também pelo esquecimento a que são relegados. O que antes levou milhares de anos para desenvolver, hoje é trocado a cada seis meses. Não se trata de um sentimento retrô/ludista, mas sim de um posicionamento político e estético.